Mais um golpe envolvendo clonagem de celular foi registrado em Guarapuava, desta vez no distrito de Palmeirinha, no interior do município. Na tarde de segunda-feira, 7 de abril, por volta das 13h24, uma moradora de 55 anos procurou a Polícia Militar após perceber que seu aparelho havia sido clonado e estava sendo utilizado para aplicar fraudes.
Segundo a vítima, o golpista se passou por ela e enviou mensagens a contatos de sua agenda solicitando transferências via Pix. Uma das abordadas foi sua vizinha, uma mulher de 33 anos, que, sem desconfiar do golpe, acreditou que se tratava de um pedido legítimo e realizou a transferência dos valores solicitados.
As duas mulheres só descobriram que haviam sido vítimas de uma fraude depois que conversaram pessoalmente. A vítima do golpe, dona do número clonado, não tinha conhecimento das mensagens enviadas em seu nome.
O golpe do 'Pix do amigo' segue fazendo vítimas
Esse tipo de golpe tem se tornado cada vez mais comum em diversas cidades do país. Conhecido popularmente como o “golpe do Pix do amigo”, ele consiste na clonagem de contas de aplicativos de mensagens, geralmente o WhatsApp, e no envio de solicitações de transferência de dinheiro para amigos, familiares e conhecidos da vítima.
Por se tratar de uma comunicação informal e pessoal, muitas vezes o contato do outro lado da conversa não desconfia da fraude, principalmente quando as mensagens usam termos e formas de linguagem parecidos com os da vítima real.
“O que torna esse golpe perigoso é justamente a confiança entre os envolvidos. Quando a pessoa recebe uma mensagem de um contato próximo, ela tende a não duvidar da veracidade do pedido”, explica Leandro Machado, especialista em segurança digital e consultor de tecnologia da informação.
Polícia orienta vítimas e reforça cuidados com segurança digital
Diante do ocorrido, as vítimas foram orientadas pela Polícia Militar sobre os procedimentos legais cabíveis. A principal recomendação é que a pessoa que teve a conta clonada registre um boletim de ocorrência, notifique a operadora de telefonia e tente recuperar o controle do número e do aplicativo.
Já quem fez a transferência deve também registrar boletim, entrar em contato com o banco para tentar estornar o valor e fornecer todas as informações possíveis às autoridades para ajudar na identificação dos criminosos.
A PM alerta que, em casos como esse, o mais importante é agir rapidamente. Quanto antes o banco for comunicado da fraude, maiores são as chances de bloqueio da conta destinatária e possível recuperação dos valores.
Fraudes por meio digital crescem no interior e preocupam autoridades
O aumento de golpes digitais em regiões do interior, como Palmeirinha, acende o alerta das autoridades sobre a necessidade de mais campanhas de conscientização.
De acordo com dados da Delegacia Cibernética do Paraná, as tentativas de fraudes por clonagem de contas aumentaram significativamente nos últimos dois anos, especialmente após a popularização dos pagamentos por Pix e o uso de aplicativos de mensagens como principal forma de comunicação.
"A falsa sensação de segurança nas pequenas comunidades é o que os golpistas aproveitam. Eles sabem que o fator confiança pesa muito nesses locais, onde todo mundo se conhece",
Como se proteger desse tipo de golpe
Especialistas recomendam algumas medidas simples para se proteger contra a clonagem de contas:
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Ativar a verificação em duas etapas nos aplicativos de mensagens;
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Nunca clicar em links suspeitos enviados por SMS, e-mail ou redes sociais;
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Desconfiar de pedidos de dinheiro, mesmo que venham de contatos conhecidos;
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Confirmar por ligação ou pessoalmente antes de realizar transferências;
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Manter aplicativos e sistemas sempre atualizados;
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Evitar compartilhar códigos de verificação recebidos por SMS.
“É preciso conversar com familiares, amigos e colegas de trabalho. Ensinar os mais vulneráveis, como idosos, sobre os riscos e formas de identificar um golpe pode fazer toda a diferença”.
Educação digital e cidadania
O caso em Palmeirinha reforça a importância de incluir a educação digital como tema recorrente nas políticas públicas e no cotidiano das famílias. Saber usar a tecnologia com responsabilidade e segurança é um desafio coletivo.
Em Guarapuava, algumas escolas e associações comunitárias já iniciaram projetos voltados à educação digital, mas especialistas apontam que ainda há um longo caminho a ser percorrido. “A internet não é só uma ferramenta de acesso à informação, é também um território onde ocorrem crimes. E como tal, precisa ser compreendida e usada com responsabilidade”.