Ocorrência de violência doméstica no bairro Santana expõe mais um episódio de agressão contra mulheres; autor foi detido após atendimento médico
Mais um episódio de violência doméstica chocou moradores de Guarapuava nesta segunda-feira, 7 de abril. No final da tarde, por volta das 17h47, uma mulher de 42 anos foi ferida com uma faca pelo próprio companheiro, de 50 anos, durante uma briga na residência do casal, no bairro Santana. A ocorrência foi registrada pela Polícia Militar como lesão corporal no contexto de violência doméstica.
De acordo com o relato da vítima, o companheiro teria tentado quebrar seu braço e a ferido com uma faca na mão direita durante a discussão. Inicialmente, a mulher acionou a PM e deixou o local em seu veículo, alegando necessidade de atendimento médico. Ela foi localizada posteriormente via telefone, quando já estava em seu trabalho, e se comprometeu a ir até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
Homem estava ensanguentado na garagem ao chegar da PM
Quando a equipe policial chegou à residência, encontrou o autor na garagem, sem camisa e com marcas de sangue visíveis pelo corpo. O homem, de 50 anos, se recusou a abrir o portão inicialmente, dificultando a abordagem da equipe. Após alguns minutos, ele finalmente acatou a ordem de abertura e foi abordado.
Durante a averiguação, o suspeito confirmou o desentendimento com a companheira e afirmou que ela teria iniciado a agressão, ferindo-o levemente no braço e no abdômen com uma faca. Segundo ele, ao tentar tomar a faca da mulher, acabou a ferindo na mão. Apesar do relato, a versão da vítima contradiz os fatos narrados pelo agressor.
Vítima comparece à UPA e confirma agressão com faca
Mais tarde, já na UPA, a vítima compareceu e prestou novos esclarecimentos. Em seu depoimento, afirmou que foi agredida pelo companheiro com uma faca e que, além do ferimento na mão direita, ele tentou quebrar seu braço durante o ataque. Ela relatou que saiu da residência para proteger sua integridade física e evitar novas agressões.
Diante da confirmação das agressões e da gravidade do caso, o homem recebeu voz de prisão ainda na unidade de saúde. Após os atendimentos médicos, ambos foram encaminhados à Delegacia de Polícia Judiciária para os procedimentos legais.
Violência doméstica segue alarmante em Guarapuava
O caso acende mais um alerta sobre a violência doméstica no município de Guarapuava. Apesar de campanhas e políticas públicas voltadas à prevenção, os números continuam altos. De acordo com dados mais recentes da Secretaria de Segurança Pública do Paraná, casos de lesão corporal no contexto de violência doméstica têm crescido de forma constante nos últimos anos.
Especialistas apontam que o ciclo de violência muitas vezes é silencioso e persistente. “A maioria das vítimas não denuncia na primeira agressão. Leva tempo até que elas procurem ajuda, e, infelizmente, muitas vezes isso só acontece quando o caso chega a situações extremas”, comenta a psicóloga Renata Baggio.
Rede de apoio e canais de denúncia
A Prefeitura de Guarapuava mantém centros de apoio às vítimas de violência, como o Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM), que oferece acolhimento psicológico, jurídico e social. Além disso, a Delegacia da Mulher atende exclusivamente casos desse tipo, com equipe especializada.
A Polícia Militar também reforça a importância do uso do telefone 190 em situações de emergência, além do aplicativo 190 PR, que permite denúncias discretas. Outro canal fundamental é o Disque 180, da Central de Atendimento à Mulher, com cobertura nacional.
Renata reforça que o apoio da sociedade é essencial.
“É preciso quebrar o silêncio e dar visibilidade a esses casos. A violência contra a mulher não é problema apenas do casal, é uma questão social e precisa ser combatida coletivamente”, enfatiza.
O que diz a lei
A agressão registrada em Guarapuava se enquadra na Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), que prevê medidas protetivas de urgência para a vítima e punições severas para o agressor. A legislação é considerada um marco no combate à violência contra a mulher no Brasil, mas sua aplicação ainda esbarra em obstáculos como medo da vítima, dependência emocional e econômica, e morosidade no Judiciário.
O homem detido na ocorrência deve responder por lesão corporal no contexto da Lei Maria da Penha, com agravante pelo uso de arma branca.