O centro de Guarapuava voltou a ser palco de mais um episódio que acende o alerta para o crescente número de furtos na cidade. Na tarde de segunda-feira, 7 de abril, por volta das 12h16, dois homens foram detidos após furtarem alimentos e produtos de um estabelecimento comercial. A ocorrência foi registrada como furto qualificado, e os suspeitos, de 21 e 32 anos, confessaram que pretendiam trocar os itens por drogas.
Segundo informações da Polícia Militar, os próprios funcionários do comércio perceberam a movimentação suspeita. O solicitante, um homem de 58 anos, relatou que viu os dois indivíduos saindo do local com volumes estranhos escondidos na cintura. Ao abordá-los, questionou o que estavam carregando e recebeu a confissão inesperada: os dois haviam furtado duas peças de picanha, dois refrigerantes e dois pacotes de vela.
Imediatamente, o comerciante acionou a polícia, que chegou poucos minutos depois. A equipe constatou o furto e identificou os autores. Durante o interrogatório no local, os dois homens relataram ser usuários de entorpecentes e afirmaram que a intenção do crime era trocar os produtos por drogas.
Furto qualificado e consequências legais
O crime foi classificado como furto qualificado devido à forma como os itens foram subtraídos, escondidos nas roupas, e pela clara intenção de ocultar os objetos furtados. De acordo com o Código Penal Brasileiro, o furto qualificado pode resultar em pena de reclusão de dois a oito anos, além de multa, especialmente quando há agravantes como rompimento de obstáculos, concurso de pessoas ou abuso de confiança.
Após a detenção, os dois homens foram encaminhados, junto com os produtos recuperados, à Delegacia da Polícia Judiciária, onde foram ouvidos e permanecem à disposição da Justiça.
Crescimento dos furtos preocupa lojistas no centro da cidade
O caso acende um sinal de alerta para o comércio local, especialmente na região central de Guarapuava. Proprietários de estabelecimentos relatam que furtos e tentativas de furto têm se tornado mais frequentes nos últimos meses.
"Estamos sempre atentos, mas infelizmente não dá para vigiar tudo o tempo todo. É triste ver essa situação se repetindo", afirmou o comerciante que realizou a denúncia. Ele preferiu não se identificar por receio de represálias, mas garantiu que já passou por situações parecidas em outras ocasiões.
Segundo lojistas, o perfil dos autores geralmente é o mesmo: pessoas em situação de vulnerabilidade, muitas vezes usuários de drogas, que furtam produtos de pequeno valor para revenda ou troca por entorpecentes. Embora os valores dos produtos nem sempre sejam altos, o acúmulo de prejuízos e a sensação de insegurança têm gerado indignação.
Segurança pública e o desafio da dependência química
O episódio também evidencia um problema estrutural que vai além da criminalidade: o impacto social da dependência química. Para especialistas, a ligação entre o uso de drogas e pequenos furtos é um problema antigo, mas que exige respostas coordenadas entre áreas como saúde, assistência social e segurança pública.
O sociólogo Leandro Duarte, pesquisador em políticas públicas e violência urbana, afirma que a reincidência é comum em casos como este. "Sem tratamento para o vício e sem alternativas de reinserção social, o ciclo de furtos para sustentar o consumo tende a se repetir. As prisões, por si só, não resolvem o problema", avalia.
Ele defende a criação de programas locais de atendimento a usuários de substâncias químicas, com foco na prevenção, acolhimento e reabilitação. "A segurança pública precisa ser acompanhada de políticas de redução de danos. Do contrário, continuaremos enxugando gelo", completa.
Polícia Militar reforça rondas no centro
Em resposta aos episódios recentes, a Polícia Militar de Guarapuava informou que tem reforçado o patrulhamento na área central, especialmente nos horários de maior movimento comercial. A corporação também recomenda que comerciantes invistam em sistemas de monitoramento e acionem a PM sempre que identificarem situações suspeitas.
A PM orienta a população a registrar boletins de ocorrência sempre que forem vítimas de furto, mesmo quando o dano for aparentemente pequeno. Esses registros ajudam na construção de estatísticas e no planejamento de ações preventivas.