A sabedoria de Eclesiastes ecoa hoje com um peso diferente. Ela me leva de volta a uma época em que a vida era feita de encontros de verdade, e os destinos eram traçados por mãos amigas, diante de uma câmera de TV ou em um estúdio de rádio, ao vivo, sem rede.
Lembro como se fosse ontem. Há mais de 35 anos, o meu amigo José Alselmo Correa, o ‘Vermeio’, com aquela sua coragem de cinegrafista da Manchete, fez o que sabia fazer de melhor: enxergar o potencial nas pessoas.
Ele pegou um jovem de 14 anos, acostumado apenas a ler nas missas, e o levou para um teste no rádio. O menino, com uma voz que não combinava com a idade, foi colocado à prova. A missão: ler um texto da Gazeta do Povo e, em seguida, comentar como se estivesse ao vivo. O único treino daquele jovem? Comentar as missas... irradiada. Ele passou no teste. E a partir daquele dia, um novo nome começou a nascer em Guarapuava, que hoje se tornou um especialista em editoria política.
É, Alselmo… eu lembro claramente. O dia em que eu comecei no rádio foi graças àquele teste. E você estava lá comigo.
Mas assim era o Vermeio: uma figura única. A mão sempre estendida para quem precisava. A porta da sua casa e do seu coração, sempre aberta para os amigos. E aos inimigos… creio que ele não tinha. Não me recordo de nenhum. Com seu violão , e como gostava de cantar!
Deus, em sua infinita bondade, resolveu chamá-lo para o descanso eterno. E hoje é um dia de lágrimas para a Rosana, para a família, para todos nós.
Minha mente viaja para os grupos de jovens, a JUMMI, da qual participei, ajudei a coordenar… mas fundar? Essa glória é dele e de outros amigos. A ELMMI, a equipe de canto da igreja… dela fui diretor, mas co-fundador? Esse título pertence apenas ao Vermeio.
Eu poderia ficar aqui por horas falando das cantorias, das risadas que doíam a barriga, dos churrascos, de tantos momentos que nós, amigos e amigas, partilhamos com ele e a Rosana…
Mas o que eu guardo, o que eu eternizo no altar da minha memória, é a sua bondade sem medida em ajudar. Era isso o que ele fazia de melhor.
Cara… você marcou muitas vidas. É um grande amigo que se vai, e o coração fica triste, um vazio que só a saudade preenche.
Vai em paz, José Alselmo Correa. Nosso querido P.O.