1º de dezembro de 2025. Dia claro, conta sombria.
A casa foi violada não com estrondo, mas com o silêncio cuidadoso de quem conhece o ofício. O proprietário fechou o portão às 17h40 de ontem, levando consigo a rotina e a luz. Ao retornar hoje, às 07h40, trouxe de volta a normalidade. Encontrou apenas o vazio.
A grade dos fundos, removida não com violência, mas com uma técnica fria. Um trabalho limpo. Um acesso cirúrgico. Dentro, o que levou não foram objetos, mas veias. Aproximadamente oitenta metros de cabos elétricos, arrancados das entranhas das paredes, das profundezas do forro. Sangue de cobre, nervos de energia. A casa, esvaziada e muda.
O prejuízo? Quatro mil reais em material. Mas o prejuízo de verdade é outro: é o trabalho do ladrão que estudou o ponto, que esperou o momento, que transformou uma casa em um corpo aberto e saqueado. É a sensação de que, enquanto a cidade dormia, alguém esteve ali, na penumbra, desmontando o seu mundo fio a fio.
A vítima fez a conta, anotou os horários, relatou a precisão do vazio. O BO vai registrar o valor, o metro linear, o artigo do código penal. O que não vai registrar é o rastro de desalento, a violência íntima de se ver roubado até das tripas da própria construção.
FIAÇÃO, GRADE E QUATRO MIL DE PREJUÍZO EM UMA NOITE
GUARAPUAVA FATOS
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