Ele foi um dos primeiros a me acolher no universo do Facebook, com aquela generosidade que só os grandes corações têm
Guarapuava amanheceu mais silenciosa hoje, com um vazio que ecoa nas linhas que já não serão escritas. Perdemos Leonel Júlio Farah, um gigante do jornalismo, um amigo querido, que aos 80 anos partiu deste mundo, deixando um legado que poucos conseguem igualar. Tive o privilégio de trabalhar com ele por um breve momento, no início da era Burko, e mesmo nesse curto tempo, sua experiência e sagacidade me marcaram profundamente. Leonel era um mestre das palavras, um contador de histórias que transformava a realidade em textos vivos, pulsantes.
Com seu Esquema Oeste, ele ergueu pilares que sustentaram o jornalismo político de nossa região, sempre com um olhar atento à valorização da arte e da literatura. Era um espaço onde a crítica se encontrava com a poesia, onde a verdade ganhava corpo e alma. Leonel não era apenas um redator — era uma voz, uma força que desafiava e iluminava.
Nos conhecemos há muitos anos, e ele foi um dos primeiros a me acolher no universo do Facebook, com aquela generosidade que só os grandes corações têm. Ex-candidato a vereador, ele carregava a política na veia, não como um jogo de poder, mas como um ideal. Quem não se lembra da série A República dos Primos? Com ela, Leonel entrou para a história de Guarapuava, apontando o dedo para os desmandos do grupo de comissionados do ex-prefeito Fernando Ribas Carli, sem medo, com a coragem que o definia.
Internado no Hospital Evangélico, ele lutou até o fim, como sempre fez — com firmeza, com dignidade. Meu amigo tinha um único "defeito", como eu gostava de provocá-lo: ser pró-Lula. Era nossa brincadeira de sempre. Eu jogava a isca, e ele, com aquele brilho nos olhos e a mente afiada, me respondia com um texto longo, apaixonado, defendendo seu posicionamento. E eu adorava cada palavra, porque vinha dele, do coração.
Leonel, você partiu, mas suas linhas permanecem. Vai em paz, querido amigo. Que os céus te recebam com o mesmo respeito e admiração que deixaste aqui. Guarapuava não será a mesma sem ti, mas tua luz seguirá nos guiando, nas páginas que escreveste e nas memórias que guardaremos para sempre.