O Ministério Público do Paraná, por meio do núcleo de Maringá do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), desencadeou nesta quinta-feira, 26 de junho, uma operação de alto impacto que expôs as entranhas de um esquema criminoso sistêmico ligado à renovação e emissão de Carteiras Nacionais de Habilitação (CNH) no Estado.
Foram cumpridos:
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3 mandados de prisão preventiva
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4 ordens de monitoração eletrônica
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14 mandados de busca e apreensão
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4 afastamentos de cargos públicos
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1 suspensão de atividade econômica de uma clínica médica
Durante as ações, um Centro de Formação de Condutores (CFC) clandestino foi descoberto e fechado. Um médico, peça-chave no esquema, foi preso em flagrante por posse ilegal de armas de fogo.
As ordens judiciais partiram da 1ª Vara Criminal de Sarandi, da Vara Criminal de Santa Fé e da Vara Criminal de Engenheiro Beltrão, sendo executadas de forma concomitante em diversos municípios: Sarandi, Maringá, Santa Fé, Centenário do Sul, Lupionópolis, Engenheiro Beltrão, Peabiru e São Jorge do Ivaí.
As ações tiveram apoio do Detran-PR, por meio da Unidade de Inspeção e Auditagem, que colaborou com as apurações desde os primeiros passos.
O Esquema
As investigações começaram entre setembro de 2024 e o início de 2025, após indícios de fraudes em exames teóricos e médicos para renovação de CNHs na 86ª Ciretran de Sarandi e na 95ª Ciretran de Engenheiro Beltrão. A trilha do dinheiro e das autorizações duvidosas levou a uma clínica em Centenário do Sul, onde condutores reprovados por limitações visuais eram “milagrosamente” aprovados.
Segundo o MPPR, servidores públicos, particulares e empresas do setor de trânsito formavam uma rede coordenada para burlar o sistema. Dentre os presos, um deles já acumula quatro condenações definitivas e responde a duas ações penais em curso. Outro investigado é réu em três processos distintos, todos por fraudes envolvendo o Detran.
Visão distorcida, lucros claros
O nome da Operação Visão não é por acaso. Ela faz alusão direta aos motoristas que, mesmo sem condições médicas para dirigir, eram aprovados por “vista grossa” da clínica sob investigação. Era enxergar pouco… e lucrar muito.
O Gaeco segue aprofundando as investigações e não descarta novas fases da operação.