Caso de violência doméstica envolveu agressões mútuas com barra de ferro e soco no rosto; polícia interveio e conduziu os envolvidos à delegacia
No final da manhã deste sábado (1º), por volta das 11h30, uma ocorrência de violência doméstica mobilizou a Polícia Militar no bairro Industrial. Um homem de 37 anos foi preso após agredir a ex-companheira com um soco na têmpora e ameaçá-la de morte, segundo relato da vítima e confirmação do próprio agressor. A vítima, uma mulher de 39 anos, também admitiu ter agredido o ex-companheiro com uma barra de ferro durante uma discussão motivada por ciúmes.
De acordo com informações do boletim de ocorrência, a polícia foi acionada por volta das 11h31 após a mulher solicitar atendimento relatando ter sido agredida. Ao chegar ao local, os policiais foram surpreendidos por um homem que acenava para a viatura e afirmou ser o ex-marido da denunciante.
Ele relatou que está separado da mulher há cerca de dois meses e que, naquela manhã, os dois tiveram uma nova discussão provocada por ciúmes mútuos. Segundo seu depoimento, a ex-esposa se exaltou, pegou uma barra de ferro e o agrediu, acertando o braço direito e causando um hematoma visível.
Agressão com barra de ferro e soco no rosto
Ao conversar com a mulher, os policiais ouviram versão semelhante. Ela confirmou a discussão, admitiu ter utilizado uma barra de ferro para atingir o ex-companheiro, mas alegou que o fez em meio à tensão emocional do momento. Segundo a mulher, após a agressão, o homem teria reagido com um soco na têmpora esquerda, provocando um hematoma na região. Ela também declarou que, durante a briga, o ex-companheiro a ameaçou de morte.
Diante da gravidade das informações, a equipe policial questionou o homem sobre as acusações. Ele confirmou que, após a agressão com a barra de ferro, desferiu o soco e proferiu a ameaça contra a ex-companheira.
Ambos receberam atendimento médico antes de serem conduzidos à delegacia
Após o registro da ocorrência, os dois foram encaminhados para atendimento médico em razão das lesões sofridas. Em seguida, foram levados à Delegacia de Polícia Judiciária, onde a situação foi formalizada e as providências legais cabíveis foram adotadas.
A mulher poderá responder por lesão corporal, enquanto o homem, além da agressão, foi autuado também pelo crime de ameaça, conforme previsto na Lei Maria da Penha, que trata especificamente de casos de violência contra a mulher no contexto doméstico e familiar.
Cresce o número de conflitos pós-separação
Casos como o registrado no bairro Industrial chamam a atenção para um fenômeno crescente: a continuidade dos conflitos mesmo após o término da relação. Especialistas apontam que a violência entre ex-cônjuges muitas vezes se mantém ou até se intensifica com o fim do relacionamento.
“Nem sempre a separação encerra o ciclo de violência. Em muitos casos, ela inaugura uma nova fase, onde questões mal resolvidas, como ciúmes, guarda dos filhos ou divisão de bens, servem como gatilho para novas agressões”, explica a advogada Carla Mendes.
Ela lembra que a violência contra a mulher, mesmo quando há agressões mútuas, deve ser tratada com prioridade pelas autoridades. “Quando a mulher está inserida em um contexto de vulnerabilidade emocional, mesmo as reações agressivas precisam ser analisadas com cuidado, pois podem ser resultado de anos de abusos anteriores”, completa.
Violência doméstica: números que preocupam
Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os índices de violência doméstica seguem altos no Brasil, com aumento nos registros de agressões cometidas por ex-parceiros. Somente em 2024, mais de 300 mil mulheres registraram boletins de ocorrência por lesão corporal no ambiente familiar.
A Polícia Civil reforça que as vítimas devem buscar apoio o quanto antes. A denúncia é o primeiro passo para interromper o ciclo de violência. Em muitos casos, o silêncio e a tolerância a pequenas agressões levam a episódios mais graves, como os feminicídios.
Rede de proteção à mulher deve ser acionada
A vítima será incluída na rede de proteção à mulher, que inclui assistência jurídica, atendimento psicológico e medidas protetivas de urgência, como a proibição de contato do agressor com a vítima. O sistema de proteção é assegurado por lei e pode ser acionado imediatamente por meio do Disque 180, canal nacional de atendimento à mulher.
Em caso de agressão em andamento, a orientação é acionar diretamente o 190 e manter-se em local seguro até a chegada da polícia.
Ciclo da violência e necessidade de intervenção precoce
A psicóloga especializada em relações abusivas, Dr ª Fernanda , alerta que situações como essa reforçam o padrão do chamado “ciclo da violência”. Segundo ela, esse ciclo inclui fases de tensão, agressão e reconciliação, muitas vezes mascaradas por promessas de mudança ou justificativas emocionais.
“A violência doméstica não começa com um soco, mas com um insulto, um controle excessivo, ciúmes desmedidos. Quando isso não é enfrentado logo no início, tende a escalar”, afirma.
Encaminhamento do caso
O homem de 37 anos permanece detido e à disposição da Justiça. A investigação segue sob responsabilidade da Delegacia da Mulher, que deverá apurar com mais profundidade o histórico de agressões entre o casal e avaliar a necessidade de medidas adicionais para garantir a segurança da vítima.
Ambos os envolvidos devem ser ouvidos novamente nas próximas semanas, e o Ministério Público acompanhará o caso.
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