Desavença antiga entre mulheres que vivem em kitnets vizinhas resulta em ocorrência policial e registro de ameaça
Um conflito entre vizinhas terminou em caso de polícia no início da tarde deste sábado (1º), no bairro Santana, em Macapá. Por volta das 13h19, a Polícia Militar foi acionada para atender uma ocorrência de ameaça envolvendo duas moradoras que residem no mesmo terreno, em kitnets vizinhas.
De acordo com o relato registrado pelas autoridades, a vítima, uma mulher de 24 anos, afirmou que foi ameaçada de morte por sua vizinha, uma mulher de 53 anos, durante uma discussão acalorada. Além da ameaça, ela disse que também foi alvo de diversos xingamentos. O episódio não teria sido o primeiro: segundo a vítima, os desentendimentos entre ambas já ocorrem “há algum tempo”.
A convivência conflituosa das duas mulheres, que vivem em moradias separadas mas muito próximas, culminou com a decisão da jovem de acionar a polícia após se sentir intimidada com as ameaças.
Conflito recorrente e ambiente tenso
Apesar de residirem no mesmo terreno, a relação entre as duas vizinhas parece estar marcada por episódios constantes de atrito. Segundo apuração da reportagem, os motivos das desavenças não foram detalhados no registro policial, mas fontes afirmam que o ambiente entre elas sempre foi carregado de tensão.
A vítima relatou à equipe da Polícia Militar que vinha suportando os conflitos havia meses, mas que a gravidade das ameaças neste sábado a fez decidir por registrar a ocorrência formalmente. “Ela disse que ia me matar. Não foi a primeira vez, mas agora eu senti que podia acontecer algo pior”, contou a mulher aos policiais.
Encaminhamento ao batalhão e termo circunstanciado
Diante do interesse da vítima em representar criminalmente contra a vizinha, ambas as partes foram conduzidas pelos policiais ao 16º Batalhão da Polícia Militar. No local, foi lavrado o Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), procedimento utilizado para registrar infrações de menor potencial ofensivo.
Segundo o Código de Processo Penal, o TCO substitui o inquérito policial em situações que envolvem delitos menos graves, como o caso de ameaça, previsto no artigo 147 do Código Penal. Mesmo sendo um procedimento mais simplificado, ele pode resultar em audiência judicial e medidas protetivas, caso sejam solicitadas pela parte ofendida.
Vizinhança dividida e risco de escalada
Moradores da região ouvidos pela reportagem demonstraram preocupação com o caso. Alguns afirmaram já ter presenciado discussões entre as duas mulheres, mas disseram que esta foi a primeira vez que viram a polícia ser chamada.
“Todo mundo aqui sabe que elas não se dão bem, mas ninguém imaginava que a situação estava tão grave a ponto de envolver ameaça de morte”, relatou uma vizinha que preferiu não se identificar.
Próximos passos
Com o registro do TCO, a autora da suposta ameaça será intimada a comparecer em juízo, onde poderá apresentar sua versão dos fatos. A vítima, por sua vez, pode solicitar medidas protetivas, como o impedimento de aproximação física da vizinha.
Até o momento, não houve manifestação pública por parte da mulher de 53 anos apontada como autora da ameaça. O caso segue sob responsabilidade do Juizado Especial Criminal de Macapá, que avaliará as medidas cabíveis após análise do termo lavrado.
Conflitos entre vizinhos são comuns, mas perigosos
Casos como o registrado em Santana não são raros em centros . Desentendimentos entre vizinhos por barulho, limites de espaço, ou mesmo por questões pessoais são uma das principais fontes de queixas em delegacias comunitárias.
Dados do Instituto de Segurança Pública mostram que casos de ameaça entre moradores da mesma área residencial têm aumentado, em parte devido à sobreposição de espaços e à falta de privacidade em construções populares, como conjuntos habitacionais e kitnets.
“A violência entre vizinhos precisa ser levada a sério, pois situações aparentemente pequenas podem evoluir para agressões físicas e até crimes mais graves”, alerta o sociólogo Daniel Ribeiro.