Nos Corredores do Hospital, o Grito Silencioso que a Vítima Calou

 

             Imagem produzida para ilustrar a materia 

Por Roberto Lobo, para o Guarapuava Fatos

GUARAPUAVA – A rotina cinzenta de um hospital público no centro da cidade foi interrompida por um drama particular que se repete com frequência assustadora nos bastidores da vida conjugal guarapuavana. Uma mulher, 27 anos, chegou para atendimento com marcas que contavam, mesmo sem palavras, uma história de violência doméstica. A funcionária que a atendeu não hesitou: acionou a Polícia Militar.

A cena que se seguiu, porém, segue um roteiro conhecido por quem acompanha a segurança pública na região há mais de três décadas e meia. A vítima, confrontada com a presença das fardas, retrocedeu. Confirmou que na véspera havia enfrentado uma discussão acalorada com o namorado, mas, diante dos agentes, negou veementemente ter sofrido agressões físicas. Recusou-se a detalhar o ocorrido, fechando-se num silêncio que fala mais alto que qualquer denúncia.

Este repórter, que cobre a região de Guarapuava há 35 anos, conhece bem os contornos desse tipo de episódio. O que leva uma mulher a chegar a um hospital e, horas depois, negar a agressão? Medo de represálias? Dependência econômica? Uma complexa rede de ameaças veladas e promessas de mudança? As perguntas ficaram pairando no ar asfixiante da sala de atendimento.

Para a Polícia Militar, restou a frustração rotineira de uma missão pela metade. Sem o testemunho fundamental da ofendida, a autoridade esbarra nos limites da lei. A equipe não pedia muito: apenas a verdade. O que conseguiu foi apenas a burocracia muda de um boletim de ocorrência – um documento que registra uma versão oficial, mas não a história real.

Enquanto a vítima deixa o hospital e retorna ao mesmo ambiente onde a violência eclodiu, a sociedade se pergunta: quantos casos precisam se repetir até que o ciclo seja quebrado? O sistema de proteção existe, mas esvazia-se quando o medo se sobrepõe à justiça.

*Roberto Lobo cobre a região de Guarapuava e Centro-Sul do Paraná há 35 anos, com passagem por veículos locais e nacionais, especializado em cobertura política/ segurança pública.*



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