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Por Roberto Lobo, para o Guarapuava Fatos
GUARAPUAVA – A casa de um aposentado de 72 anos, no tranquilo bairro Batel, não foi apenas furtada na madrugada desta segunda-feira. Foi violada. Invadida e profanada por criminosos que agiram com a frieza de quem saqueia um território conquistado e a vileza de quem deixa, como assinatura, a própria sujeira.
A equipe policial, acionada pela manhã, encontrou o idoso ainda tentando assimilar o que havia acontecido dentro de suas próprias paredes. Enquanto ele dormia, homens não identificados pularam o muro, forçaram uma janela e adentraram a residência. O que se seguiu foi mais do que um furto; foi uma encenação de poder e desprezo.
Os itens levados são um retrato da utilidade doméstica e do esforço de uma vida: dois botijões de gás, uma Airfryer Walita, um liquidificador Arno, uma batedeira vermelha, um processador de frutas e um forno Fischer. Os eletrodomésticos, testemunhas silenciosas de refeições em família, foram carregados para o mundo obscuro dos desmanches e bares de ambulantes.
Mas o que marca esta invasão, e a eleva de um simples roubo a um ato de pura afronta, foi o comportamento dos meliantes dentro da casa. Eles não se contentaram em levar o que poderia ser vendido. Abriram o guarda-louça e a geladeira. Serviram-se da comida do idoso, como se anfitriões de um macabro banquete noturno. E, para deixar clara sua total falta de humanidade, defecaram no piso da cozinha. Um ato simbólico que transforma o lar em mero depósito, e o morador em uma vítima duplamente ultrajada.
Este repórter, que cobre a segurança em Guarapuava há 35 anos, vê neste caso a materialização de uma tendência preocupante. A ousadia dos criminosos, que agem sem a pressa do medo, e o sadismo de suas ações, que buscam não apenas bens, mas quebrar o espírito de quem é violado.
Sem a vigilância eletrônica de câmeras, comum em tantas outras residências, a investigação agora depende de buscas por comércios que comercializem produtos usados e do eventual testemunho de vizinhos que possam ter visto ou ouvido algo na calada da noite.
Para a polícia, restou orientar o aposentado e lavrar o boletim de ocorrência. Um documento que lista objetos materiais, mas é incapaz de descrever a sensação de insegurança e a humilhação que agora habitam aquele endereço no Batel. O crime levou os botijões de gás, mas deixou para trás um peso ainda maior.
*Roberto Lobo cobre a região de Guarapuava e Centro-Sul do Paraná há 35 anos, com passagem por veículos locais e nacionais, especializado em cobertura politica e de segurança pública.*
