Ter acesso aos cuidados de saúde, como o tratamento adequado, é essencial para assegurar uma boa qualidade de vida para quem tem diabetes
Hoje, dia 26 de junho, celebrasse o Dia Nacional do Diabetes, a data vai além de um simples alerta. É um chamado urgente à conscientização sobre uma das doenças crônicas que mais cresce no Brasil e no mundo. Os números revelam um cenário desafiador, o Ministério da Saúde estima que cerca de 16 milhões de brasileiros convivem com a doença, e o mais preocupante é que uma parcela significativa desses indivíduos sequer tem conhecimento de sua condição, vivendo sob o risco de complicações graves sem o devido acompanhamento.
O diabetes, chamado de diabetes mellitus, é uma condição caracterizada pela falta ou incapacidade da insulina de exercer sua função. A insulina, um hormônio produzido no pâncreas, é fundamental para o metabolismo da glicose. Quando há ausência ou insuficiência desse hormônio, ocorrem altas taxas de açúcar no sangue (hiperglicemia), o que pode levar a sérias complicações se não for detectado e controlado adequadamente.
As consequências podem afetar diversos sistemas do corpo, incluindo doenças cardiovasculares (como infartos e derrames), problemas renais que podem levar à insuficiência renal, danos à visão que podem resultar em cegueira, neuropatias que causam formigamento, dor e perda de sensibilidade nos pés e mãos, e até mesmo a necessidade de amputações.
A importância do diagnóstico precoce
Um dos maiores desafios no combate ao diabetes é o fato de que, na maioria dos casos, especialmente o diabetes tipo 2 (que representa cerca de 90% dos casos no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes), a doença é silenciosa. Ela pode se desenvolver ao longo de anos sem apresentar sintomas evidentes, o que torna o diagnóstico precoce um pilar essencial para o manejo da condição e a prevenção de suas complicações.
A história da servidora municipal Verônica, em Guarapuava, que atua na área da saúde, reforça essa importância. Em 2018, durante seu plantão em uma UBS, ela notou o caso de uma criança de 3 anos e 9 meses, que frequentava a unidade com sintomas recorrentes: febre, dor abdominal, sonolência e vômitos. A criança já havia passado por diferentes tratamentos e internações, mas sem diagnóstico conclusivo.
“Certa manhã, ao tentar puncionar o acesso para passar a medicação, vi que ela estava pálida, sonolenta, e teve episódios de vômito. Me veio a ideia de fazer um HGT, que não é um exame de rotina em crianças. Para minha surpresa, o resultado foi 337 mg/dL em jejum”, lembra Verônica.
O resultado acendeu o alerta para um possível quadro de diabetes tipo 1. A equipe médica reavaliou o caso e encaminhou a criança imediatamente para a UPA, onde foi iniciado o tratamento adequado. Hoje, com 10 anos, a menina segue o tratamento com insulina de ação prolongada e caneta de aplicação, mantendo a condição sob controle.
Um caminho possível e saudável
Apesar de ser uma doença crônica, o diabetes pode ser controlado, permitindo que os pacientes vivam uma vida plena e com qualidade. A condução eficaz da doença se baseia em uma combinação de hábitos saudáveis e, quando necessário, o uso de medicamentos. Os principais pilares do tratamento, recomendados pelo Ministério da Saúde, são:
Alimentação equilibrada: A base de uma vida saudável com diabetes. Isso significa priorizar alimentos naturais, como frutas, vegetais, grãos integrais, proteínas magras e gorduras saudáveis, e evitar açúcares refinados e alimentos processados.
Prática regular de exercícios físicos: A atividade física ajuda o corpo a utilizar a glicose de forma mais eficiente, melhora a sensibilidade à insulina e contribui para o controle do peso. A recomendação geral é de pelo menos 2 horas e 30 minutos de atividade moderada por semana.
Acompanhamento médico frequente: Consultas regulares com uma equipe de saúde (médicos, nutricionistas, educadores físicos) são essenciais para monitorar os níveis de glicose, ajustar medicamentos e prevenir complicações.
Uso correto de medicamentos: A adesão rigorosa à medicação prescrita é fundamental para manter os níveis de glicemia (açúcar no sangue) adequados e evitar complicações. Seguir corretamente as orientações médicas garante a eficácia do tratamento e contribui para a qualidade de vida.
Diabetes não tem cura, mas tem tratamento. O autocuidado e a monitorização constante empoderam o paciente. Se você tem sintomas ou fatores de risco, procure um profissional de saúde, pois o diagnóstico precoce é fundamental. Cuidar de si é um ato de amor e responsabilidade. O diabetes exige atenção, mas não precisa ser um obstáculo.