O Furto de um Celular à Teia do Tráfico: R$ 20,00, 27 Pedras de Crack e a Mulher que Assumiu a Culpa

                       Imagem gerada para ilsutrar a matéria 

Por Roberto Lobo, para o Guarapuava Fatos

PINHÃO – Às vezes, um fio solto é tudo o que a polícia precisa para desenredar uma teia inteira de crimes.  Na região de São José, em Pinhão, município vizinho a Guarapuava, um furto simples de um aparelho celular serviu como o fio condutor para uma operação que escancarou os meandros do tráfico de drogas na região.

Tudo começou com a queixa de um homem de 29 anos na 2ª Companhia da Polícia Militar. Seu telefone havia sido roubado. Diferente de tantos outros casos que se perdem no anonimato, este teve um desfecho incomum: a própria vítima, em um ato de persistência, localizou o autor. E a explicação para o crime foi de uma banalidade que choca: o ladrão confessou ter vendido o aparelho por meros R$ 20,00 para a esposa de outro indivíduo.

Foi aqui que o caso, que parecia uma ocorrência rotineira, ganhou contornos de investigação criminal. O nome da suposta compradora já era conhecido dos policiais, circulando em denúncias anônimas sobre tráfico de entorpecentes. A equipe, com essa informação crucial, deslocou-se até a residência do casal.

A cena observada através da janela era um retrato falado do crime: lá estava, não apenas o celular com as características do item furtado, mas também um pote azul da marca “M&M’s” – um recipiente inocente guardando um conteúdo letal. Ao adentrar o imóvel, os policiais depararam-se com a autora, uma jovem de 22 anos.

Sob interrogatório, a moça não hesitou. Confirmou a compra do celular pelo valor irrisório e, diante das evidências, assumiu a propriedade das drogas. “Era o restante que eu tinha”, disse, segundo o registro. O “restante”, no entanto, era um arsenal em pequena escala: 27 pedras de crack individualmente embaladas para venda, duas pedras médias, um invólucro de cocaína e, o que mais chamou a atenção, R$ 1.495,00 em dinheiro vivo, amassado em notas de diversas cifras.

A narrativa, porém, deu uma volta característica aos dramas que se passam à sombra do tráfico. Encaminhada à delegacia para o registro do ocorrido, a jovem mudou sua versão. O dinheiro e as drogas, afirmou então, não eram seus. Pertenciam ao marido.

A operação, iniciada com a busca por um objeto de comunicação, terminou com a apreensão de drogas, capital ilícito e a detenção de uma pessoa. 

Observamos, que neste  jogo de xadrez entre a lei e o crime aqui no  centro-oeste do Paraná, o caso de Pinhão deixa claro como o tráfico se entranha na comunidade, usando relações pessoais e a fragilidade social como escudo, enquanto uma jovem de 22 anos se apresenta como peça sacrificial em uma estrutura muito maior que ela.

*Roberto Lobo cobre a região de Guarapuava e Centro-Sul do Paraná há 35 anos, com passagem por veículos locais e nacionais, especializado em cobertura politica e de segurança pública.*



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