Com o título de Capital Nacional do Malte, o município paranaense lança sua primeira festa nacional, coroando uma parceria de décadas entre o poder público e a cooperativa que transformou a vocação agrícola em potência econômica.
GUARAPUAVA (PR) – Não é apenas uma festa que começa no dia 14 de novembro. É a consagração de uma identidade. Guarapuava, no centro-sul do Paraná, prepara-se para a primeira edição da Festa Nacional da Cevada e do Malte, evento gratuito que nasce já com status de patrimônio simbólico da cidade. O título, concedido por lei federal no ano passado, é o reconhecimento formal de uma trajetória que tem, como protagonista inconteste, a Cooperativa Agrária Agroindustrial – detentora da maior maltaria comercial do país, responsável por abastecer aproximadamente 40% do mercado nacional.
A história por trás do título é uma aula de visão estratégica e cooperação. Tudo remonta à década de 1970, quando cooperados da Agrária, no distrito de Entre Rios, introduziram a cevada na rotação de culturas. O grão, então uma aposta, revelou-se uma vocação. A virada decisiva ocorreu nos anos 1980, com a ousadia de instalar, em parceria com a Antarctica, a primeira maltaria do Paraná. Essa jogada não apenas alavancou a economia local como forjou um DNA produtivo único, celebrado desde 1989 pela tradicional "Festa da Cevada" na comunidade de Entre Rios.
Agora, a nova festa nacional amplia o escopo, elevando a celebração local a um patamar de referência para todo o país. "São duas festas que se encontram num mesmo propósito: celebrar quem produz, quem preserva e quem transforma nossa cidade num símbolo de qualidade e tradição", afirma Rosângela Virmond, secretária municipal de Turismo e Eventos. Em sua fala, ecoa o reconhecimento de que a Agrária é mais do que uma patrocinadora; é a alma do projeto.
A Parceria Estruturante
A relação entre a Prefeitura e a Agrária, longe de ser um apoio circunstancial, é descrita como uma "aliança estratégica" que se consolida desde a fundação da maltaria. De acordo com o Superintendente de Negócios da Cooperativa, a sinergia foi construída com base em um objetivo comum: fortalecer toda a cadeia cervejeira, da semente ao copo. "Esse movimento surgiu da vocação produtiva do município, que concentra desde a produção de cevada até a industrialização do malte, passando por pesquisa agrícola e pela valorização da cultura cervejeira como identidade local", explica.
Para esta festa de estreia, o papel da cooperativa é institucional e estrutural. Cabe a ela, como principal articuladora do setor, mobilizar cooperados, clientes e a comunidade, garantindo que o evento seja a expressão fiel do ecossistema que ajudou a criar.
A Festa Nacional da Cevada e do Malte acontece de 14 a 16 de novembro, com entrada franca. Mais do que um evento no calendário, é a colheita de uma semente plantada há meio século, que fez de uma cidade do interior do Paraná a Capital Nacional do Malte.
